quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

A PAZ QUE DESEJAMOS NO ANO NOVO QUE SE APROXIMA





Que nesse ano Deus nos ensine a Paz,
e que estejamos todos prontos para ouvir,
Que os nossos erros não sejam o nosso fardo,
Mas a experiência para decisões melhores,


Que nesse ano a religião não seja razão para o ódio,
e que os inocentes sejam sagrados,


Que as diferenças não justifiquem problemas,
Mas que mostrem soluções diferentes,


Que nesse ano toda criança possa brincar,
e que elas tenham brinquedos verdadeiros,


Que seus pais não justifiquem discórdia hoje,
Mas que falem dos sonhos de um futuro feliz,


Que nesse ano a força seja das boas palavras,
e que as palavras sejam ouvidas,


Que o poder não derrube paredes sobre as pessoas,
Mas que destrua barreiras entre elas,


Que nesse ano as nações sejam unidas,
E que a união tenha significado e seja respeitada,


Que os governantes não se esqueçam que a história não eterniza a vida, frágil e passageira,
Mas apenas pensamentos e ações,


Que nesse ano a natureza seja mãe,
E que, como filhos, tenhamos por ela o amor e o cuidado devidos,


Que as ações pelo Planeta não sejam assinadas apenas pelas nações que compreendem os problemas,
Mas também por aquelas que os causam...,


(Desconheço a autoria)


Que possamos aceitar os desígnios de Deus com resignação, pois ele sabe o que faz e quer o melhor para nós, seus filhos. Que Deus nos ilumine e nos abençoe e que 2012 seja realmente um ano de Paz na nossa querida "Terra". Amém.

FELIZ ANO NOVO.





(Liane Taborda Caron)



Feliz Ano Novo Ana Cláudia, minha linda, onde quer que estejas. Temos sempre você em nossos pensamentos e corações. Te amamos meu anjo.






sábado, 24 de dezembro de 2011

ORAÇÃO DA FAMÍLIA NA NOITE DE NATAL





Menino Jesus, Deus que se fez pequeno por nós, diante da cena do teu nascimento, do presépio, estamos reunidos em família para rezar.
Mesmo que fisicamente falte alguém, em espírito somos uma só alma.
Olhando Maria, tua mãe santíssima, rezamos pelas mulheres da família, que cada uma delas acolha com amor a palavra de Deus, sem medo e sem reservas, que elas lutem pela harmonia e paz em nossa casa.
Vendo teu pai adotivo, São José, pedimos ó Menino Deus, pelos homens desta família, que eles transmitam segurança e proteção, estejam sempre atentos às necessidades mais urgentes, que saibam proteger nossos lares de tudo que não provém de ti.
Diante dos pastores e reis magos, pedimos por todos nós, para que saibamos render-te graças, louvar-te sempre em todas as circunstâncias, e que não nos cansemos de procurar-te,mesmo por caminhos difíceis.
Menino Jesus, contemplando tua face serena, teu sorriso de criança, bendizemos tua ação em nossas vidas.
Que nesta noite santa, possamos esquecer as discórdias, os rancores, possamos nos perdoar.
Jesus querido, abençoa nossa família, cura os enfermos que houver, cura as feridas de relacionamentos.
Fazemos hoje o propósito de nos amar mais.
Que neste natal a benção divina recaia sobre nós.
Amém.
(Autor: Luís Erlin)




Feliz Natal Ana Cláudia onde quer que estejas. Temos sempre você em nosso pensamento e em nossos corações.Te Amamos Filha.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

NÃO EXISTEM TABUS, NÃO EXISTEM REGRAS PARA O LUTO DE UMA MÃE





Talvez seja um convite do tipo: - Vamos falar da morte?
Esta que é tabu maior que o sexo; maior ainda quando se trata da morte de um filho,  dor que se recobre em silêncio, por se tratar de uma dor inominável.
Como operar a partir do não sentido do real que a morte evoca e consequente falta de repostas que advém em momentos como este?
O luto é um longo caminho, que começa com a dor viva da perda de um ser querido e que segundo alguns, pode ser visto como um lento e penoso  processo de desamor em relação a quem se foi, ou seja, a pessoa enlutada não esquece nem deixa de amar o morto, mas passa a amá-lo de outra forma; amor esse, permeado por uma saudade enorme e envolta por uma dor indizível devido à perda abrupta e inesperada.
É quando duas situações se encontram absolutamente inseparáveis: o amor e a dor.
Amor pelo excesso de investimento colocado na pessoa que se foi, e dor porque esse suporte real nos deixou. O sentimento de abandono e o caráter definitivo de sua ausência são o que posso chamar de mais devastadores que se tem ao se deparar com a realidade da mais pura falta, do mais enorme vazio.
Assim escreve Nasio: - As manifestações da dor – “abatimento, grito e lágrimas a mantêm como se a pessoa que sofre estivesse arrastada pelo desejo inconsciente” - um desejo que nada tem a ver com masoquismo de viver a prova dolorosa. Querem sofrer porque a sua dor é uma homenagem ao morto, uma prova de amor. (O livro da dor e do amor; pág. 65). As perdas costumam ser nomeadas para que possam ser minimamente suportáveis.
Ao perder uma mulher, alguém passa a ser viúvo; aquele que perde os pais, órfãos; os que chegam a se separar, divorciados; mas as mães que perdem seus filhos não encontram sequer algo para nomeá-las. Lembro-me de uma amiga, psicanalista a quem sou muito grata por todo apoio recebido nesse período de luto, que me contava sobre os pacientes que sofriam da dor fantasma, que se trata de uma dor que acomete os pacientes que perderam um membro: tal dor é um dos maiores desafios para os médicos, estes não encontram um anestésico capaz de aliviar o sofrimento dos pacientes. O membro perdido, seja uma perna, um braço, enfim, não está mais no corpo, porém, o membro fantasma lateja, coça, aquece, esfria, dói. A dor é viva, é presente embora o membro esteja ausente, morto...
Com o tempo os pacientes podem aprender a conviver com a ausência que lateja.
Penso que a dor da perda de um filho é próxima dessa, vivido por esses pacientes sofridos.
Dizia-me essa minha amiga: - Ora, estamos falando de um membro do corpo, que dirá de um filho saído de nossas entranhas que como diz o poeta Chico Buarque: “Oh,pedaço de mim, oh ,pedaço amputado de mim”. É uma mutilação.  A perda de um filho no desabrochar da juventude de forma trágica e inesperada coloca qualquer sujeito diante de uma dor inominável e indizível.
O estranhamento e distanciamento do mundo sob a forma de uma dor alucinante derivado do próprio trabalho de luto não parecem combinar com a posição que o analista deve em circunstâncias normais, fora do circuito traumático.
Não raro algumas pessoas deixam de lado a sua dor jogando-se no trabalho de forma obsessiva quando este trabalho ritualista opera ações repetitivas e mecanizadas. Outras buscam na religião, um consolo possível.
O que dizer do ofício de analista que não é uma profissão como outra qualquer e que exige que ali o sujeito dê provas de sua análise? No período mais nebuloso da dor do luto que possibilidade há, se há alguma, de ouvir um outro, de se disponibilizar a escutar queixas comezinhas como, por exemplo, “ medo de se afogar no chuveiro” enquanto o analista atravessa uma dor imensurável.
No filme: - "O quarto do filho" que relata a experiência da morte de um filho de um psicanalista, este se vê na condição de se afastar da clínica por tempo indeterminado. A reação dos pacientes neste filme italiano, muito bem dirigido, nada piegas e verdadeiro, é a mais diferente possível a partir do percurso de análise de cada um e da transferência estabelecida com esse analista em particular. O osso mais duro de roer por certo.
Quando perdi meu filho a sensação era de que o mundo havia caído sobre a minha cabeça e que eu não conseguiria suportar. A vida se torna realmente impossível diante deste sofrimento. Sentia-me no dever de aparentar "força" quando não a tinha, pois estava dilacerada e devastada pela dor. Como poderia mostrar fragilidade, chorar em público, no meio da rua, pudesse eu superar com dignidade a dor de existir. Como esconder a indiferença ao mundo, o afastamento, a falta de interesse pelo mundo e a própria falta de lugar de uma mãe diante de tal acontecimento?
O luto não é terapeutizável, não há remédio para essa dor. Lembro-me de uma revista que li, cujo título da reportagem era: -“A dor que não termina”. São relatos de pais que perderam seus filhos de maneira trágica e os relatos da reação particular que cada um teve.
Desde aquele que ao ver seu filho morto por atropelamento e que o carrega nos braços para ser morto também pelos carros que passavam, como aquela mãe que se recusou a comer desde a perda de sua criança vindo a falecer 04 meses depois de inanição.
A reportagem começa justamente falando que o luto de quem perde filho é diferente de qualquer outro... E pode tornar-se insuportável o peso de tocar a vida adiante. A morte é sempre motivo de angústia e tristeza, mas a morte de um filho é uma tragédia contra a natureza, um desastre além da razão. Vivemos em um período desbussolado onde não se pode mais, como antigamente, encarar a tragédia como vontade de Deus.
Diante de uma determinação superior, restava apenas se conformar. As mães, no passado eram poupadas de qualquer tarefa por um período de no mínimo um ano para se recolherem. Não há mais tempo para resguardo, nem para recolhimento. A licença de uma semana (até o sétimo dia) é o que é amparado por lei. Os tempos modernos, onde impera a ditadura da alegria não oferece espaço nem lugar para a dor, especialmente uma dor como essa.
Reaja! Seja forte! Não fale mais no assunto! Aprenda uma lição com sua dor! Não fique paralisado pela dor! Enfrente! São imperativos ouvidos a toda hora e só posso aqui dar meu testemunho de como essas frases me incomodavam.
Portanto, nada de fórmulas, ou de dizer como alguém deve reagir... Ou fazer... Ou dizer... Aliás, não há muito que dizer. Aliás, não há nada o que dizer. A morte é tabu, e ninguém quer falar dela. A morte ninguém sabe o que ela é. A morte assusta e horroriza. A morte de um filho é algo de difícil materialização. O seu desaparecimento súbito provocou em mim uma série de questionamentos acerca de tudo à minha volta.  Com a morte de seu filho, é imperativo voltar a viver!  Essa dor da perda de um filho não é uma dor qualquer. Implica numa longa travessia de luto, reinventar a vida a cada dia e conviver diariamente com a ausência de respostas, e sair em busca de algumas outras que estejam ao alcance de quem passa por isso. Tudo se tornava de um dia para o outro insuportável e qualquer mínimo detalhe me fazia lembrar do meu filho. Não conseguia me envolver com nenhuma atividade que realizava e tampouco poderia volver atrás, trazendo meu filho de volta.
Essa certeza implacável tornou-se um tormento a ponto de meus familiares se incomodarem com meu recolhimento e isolamento, posições essas que me eram possíveis naqueles tempos tão doloridos e sem palavras. Outro ponto que quero marcar é sobre a seguinte questão: que tempo para o luto? É sabido que o luto é muito parecido com a depressão afetivamente falando, mas esta é sem a perda real do objeto. Há uma cobrança diante do luto estrondosa no que diz respeito ao tempo.
Você ainda está chorando deste jeito? Ou: não chore, pois seu filho vai sofrer ainda mais... Parece que só nessas horas aprendemos o que não dizer a alguém que perde um filho. Há um jogo social no sentido de quererem lhe empurrar goela abaixo uma fórmula, que não há; há de ser reinventada caso a caso. Que lugar para uma mãe sem o seu rebento. “Não reintegrarás o seu produto” está no texto bíblico, mas como se desfazer de tantos sonhos ao mesmo tempo, de tantos projetos, de tantos investimentos? Como lidar com o que nunca mais será? Ou com aquilo que jamais poderemos entender ou explicar dia após dia, noite após noite? Como suportar a falta de luz, que não há, e sem um dedo apontando o caminho, posto que essa destituição seja própria da morte em si mesmo?
Como dizer como outrora: - sou feliz o bastante! O provérbio judaico que prega cuidado com o que desejas, pois isto pode realizar-se, aqui é fora de questão, pois é impensável para uma mãe enterrar seus filhos. Isto é antinatural. As mães não deveriam chorar a morte de seus filhos. Ao concebê-los, deveriam receber, com carimbo do céu e assinado por Deus, uma certidão de garantia, para vê-los crescer, sempre saudáveis e felizes. Ao lado deles, poderiam comemorar suas vitórias, suas conquistas, e depois de muito tempo, quando sentissem a conclusão de seu ciclo de vida, elas teriam o direito de serem veladas por seus filhos, todos eles, a fim de seguir feliz sua viagem de reencontro ao Criador.
Os filhos, para as mães, deveriam ser sempre vivos, pois não foram concebidos para a morte, mas para a vida. Nada neste mundo é mais triste, mais doloroso do que choro de mãe que perde um filho. Elas não merecem isto. Nunca mereceram. Jamais merecerão.

(Post Original do Blog Uma Mulher, modificado por Liane T. Caron)

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

A MORTE DE UM(A) FILHO(A) DEIXA UMA DOR ETERNA




Vazio absoluto. Um nada sem chão, teto ou paredes. Mais que um poço fundo, o fundo sem o poço. A falta de ar. O desespero. A desesperança. Irracional, ilógico, inaceitável.
 As palavras e imagens mais fortes não são capazes de definir, o luto de uma mãe que perde um filho.
 A morte de um filho deixa cicatriz indelével, uma dor eterna. É a pior situação humana, não há perda maior.
Não tem nada de simbólico para que eu possa elaborar essa perda. Eu morri junto mesmo!  Mas é antinatural?, a morte imprevisível de um filho é a que nos desestabiliza. Oh ?Estou sem chão? é hoje uma frase que especifica muito bem o que uma mãe sente, de vazio absoluto.
 Angústia, revolta, dor, desespero, impotência, tristeza.
 Não existem palavras para definir a perda inesperada de um filho na adolescência. Diante de tanto sofrimento, esquecer jamais.
 Reinvestir amor e esperança na vida, da vida e pela vida é um caminho a ser alcançado, por mais impossível que possa parecer. Temos que tentar.


(Post Original do Blog Uma Mulher, modificado por Liane T. Caron)

domingo, 11 de dezembro de 2011

FALANDO DE PERDAS, LUTO E MORTE





Quem espera que alguém morra? Acho que a morte não está nos planos da maioria das pessoas. Mas o fato é que ela existe e, mesmo não falando na morte, ela acontece. E, como quase ninguém gosta de falar no assunto, muitas vezes a gente se sente só quando, por algum motivo, perdemos alguém que amamos, sentimos saudade ou mesmo quando tememos a nossa própria morte. 


Ao se contrapor à vida, a morte nos ensina a buscar uma vida melhor, porque ela nos diz que nosso tempo é limitado e, por isso, valioso. Ela oferece uma oportunidade para avaliar nossa existência, para rever e renovar o sentido que lhe damos. Podemos olhar para o que estamos conquistando, além daquilo que nós perdemos; é o momento de (re)descobrir as pessoas que gostamos, as qualidades que admiramos, nossos objetivos e nosso sonhos. 


Não gostamos de sofrer, não gostamos de sentir saudade, não gostamos de perder aquilo que amamos. Mas é algo necessário, pois todos nós enfrentamos perdas e mortes em algum momento de nossas vidas. Podemos nos permitir maior sensibilidade ao nosso sofrimento e ao alheio porque essas coisas acontecem em todos os contextos. E podemos aprender a compartilhar isso, sem excluir e sem negar a dor. É triste sentir a falta, mas alivia sabermos que preservamos em nós muita coisa valiosa adquirida por meio das nossas relações. Podemos e devemos ensinar esse processo às crianças, em casa ou nas escolas, nas comunidades, nas empresas. 


Nunca vamos esquecer a pessoa que amamos e perdemos. Ela pode ser substituída em suas tarefas, mas não em nosso afeto; vamos guardá-la conosco e preservar o carinho. Mas leva tempo. 


Lembramos com saudade e angústia no início e devagar passamos a lembrar com mais carinho do que dor. A dor da perda é o preço pelo prazer de amar, de gostar, de dividir a vida com outras pessoas. O luto é o processo de construção de uma nova etapa de vida, que pode ser positiva se houver um enfrentamento saudável do sofrimento, pois se traduz em crescimento e enriquecimento pessoal. 


A morte nos reúne em torno dela e nos iguala nos sentimentos de perplexidade, dor, tristeza, raiva, confusão. O luto é a resposta natural e esperada após uma perda que exige um processo de reorganização de longo prazo. A morte de uma pessoa pública nos leva ao luto coletivo, às cerimônias públicas de despedida. São rituais que marcam a perda e ajudam a encontrar um sentido para ela permitindo o compartilhamento das emoções, que são socialmente aceitas. E aí o luto coletivo tem outro sentido, de reciclar os lutos pessoais, nem sempre permitidos. Especialistas afirmam que a morte de personalidades conhecidas e admiradas pelo grande público, torna permissível que as pessoas que não extravasaram seus próprios lutos venham a fazê-lo. É o momento de reviver as perdas pessoais, deixar fluir as emoções abafadas. “Tomamos emprestado um pouco desse luto para chorar nossas dores”, diz a coordenadora do LELU (Laboratório de Estudos e Intervenção sobre o Luto), da PUC. 


Mesmo sem perceber, o luto privado muitas vezes é reprimido como uma espécie de defesa pessoal ou até por mudanças da sociedade atual que tornaram os rituais de despedida mais curtos e superficiais. “O prejuízo disso é semelhante ao de não poder expressar o sentimento”, diz a psicóloga Maria Júlia Kovács, coordenadora do Laboratório de Estudos sobre a Morte do Inst. De Psicologia da USP. Segundo ela, pesquisas inglesas recentes mostram que quem não demonstra as emoções acaba refletindo-as no corpo, futuramente. Em tese, recuperar um pouco do ritual pode ajudar. Ele tem função terapêutica e resgata a solidariedade, principalmente numa cidade como São Paulo, onde é cada um por si a maior parte do tempo. 


Viver o luto, por mais dolorido que seja, é também um momento de crescimento e lapidação humana. Vários estudiosos nos mostram que é muito comum ficarmos chocados quando perdemos alguém, que a tendência é não acreditarmos no que está acontecendo, não conseguindo aceitar o fato de que o outro está morto. Até mesmo, na fase seguinte ao choque, se você tinha uma forte ligação com a pessoa que morreu ou uma convivência muito grande, é comum pensar muito nela, vê-la nos lugares que ela costumava estar, ouvir sua voz, pensar em falar com ela, coisas assim. O hábito e o carinho fazem a gente levar mais tempo para acostumar-se com a perda. Às vezes, você até procura a pessoa falecida, como se ela ainda estivesse viva. E como a saudade é grande, todos esses sentimentos vão se misturando, se embolando, e leva um bom tempo para se acertarem dentro do seu coração, até que um dia você percebe que está mais conformado. Não é que você esquece de quem gostou muito, mas consegue lembrar-se dele com carinho, já entende melhor sua morte, já se sente mais conformado e sua vida parece mais normal. A saudade é um sentimento que sempre existirá: você pode “morrer” de saudade, mas logo estará “vivo” novamente. 


Tudo isso acontece porque uma grande mudança começa quando perdemos alguém importante para nós. Muitas perguntas surgem: Por que não aproveitamos mais a vida? Por que não falamos ou fizemos algo para o fulano antes de ele morrer? O que faremos agora sem aquela pessoa? Vamos conseguir continuar sem ela? Será que ela está em algum lugar? Por que morreu? São muitas as questões e às vezes achamos que devemos, nesse momento, tomar decisões importantes, assumir responsabilidades. Calma, devagar. É melhor começar com pequenas decisões. 


E tem mais uma coisa importante: o medo. Enfrentar a morte ou a perda de alguém querido torna-nos frágeis, impotentes e isso dá medo. Aí o que fazemos? Tentamos escondê-lo bem, para não mostrar nossa fragilidade ou para tentarmos evitar sentir mais medo. É uma forma de assumir o controle da situação, buscando sentirmo-nos forte outra vez. Mas, quanto mais a gente tenta controlar esses medos, mais eles aparecem: medo da violência, medo de escuro, medo do fracasso, medo de doenças, etc. Por isso, vale a pena refletir um pouco sobre quais medos nos acompanham no momento. Pode ser medo da própria morte ou medo do desconhecido ou medo de perder outra pessoa, entre outros. Quem ainda não se perguntou de onde veio e para onde vai? Saber de onde viemos, o que acontece quando morremos, qual o sentido da vida, é o que chamamos de “questões existenciais”. Uma questão existencial é uma questão de vida, algo que está presente em todo ser, pelo menos em algum momento da vida. Falar sobre a morte e o que acontece depois dela desperta uma grande curiosidade, mas também provoca desconforto. É difícil, dá um medo. O temor da morte decorre, portanto, da noção insuficiente da vida futura. 


A medida que o homem compreende melhor a vida futura, o temor da morte diminui. Uma vez esclarecida a sua missão terrena, ele aguarda o fim com calma, resignado e serenamente. A certeza de reencontrar seus familiares e amigos depois da morte, de reatar relações que tivera na Terra, dá-lhe coragem para suportar a partida de um ente querido. A Doutrina Espírita transforma completamente a perspectiva do futuro. A vida futura deixa de ser uma hipótese para ser realidade. Eis aí porque os espíritas encaram a morte tranqüilamente e se revestem de coragem e serenidade nos seus últimos momentos na Terra. 


Um breve comentário: Sou Rosa Maria Carleto Tosello, 55 anos, espírita, comecei desde jovem um trabalho como voluntária no CVV Samaritanos, atendendo pessoas que queriam se suicidar e descobri que, no meio de tantas perdas que já experimentavam, a morte estava presente. Hoje, sou voluntária na AACC – Associação de Apoio à Criança com Câncer que auxilia crianças e adolescentes que lutam para viver. Nesse processo de morte, vida, perdas e luto, eu fui tomando mais contato com a dor do outro e me esforçando para melhor entendê-lo. 


Assim, há 8 meses eu também vivenciei a minha grande perda (meu marido). Acometido por um câncer no cérebro, sua luta foi grande, mas sempre com resignação e aceitação até o final. Devo confessar a vocês que não foi fácil quando eu recebi o diagnóstico e pensei: “Agora eu não sou mais só voluntária, serei também cuidadora e perdedora”, bendita Doutrina que nos faz pensar na vida além da vida e nos fornece ensinamentos comprovados da imortalidade da alma. 


Mas como nada é por acaso, nesta mesma época eu fazia um curso na associação sobre “Como acompanhar a separação e o desapego do outro”. Aprendi a não viver o luto antecipado. Mesmo sabendo que o desencarne dele não demoraria muito, elaboramos melhor nosso tempo. Foi um exercício de enfrentamento e preparação para a morte, vivenciado por nós dois. 


Não tivemos medo do sofrimento, porque muitas vezes nós expulsamos a morte da nossa intimidade, o que me permitiu proporcionar ao meu marido toda a ternura e solidariedade nos momentos finais. Eu não podia negar a dor dele, apenas compartilhava. 


Aprendi a lidar com as tristezas profundas. Quando enfrentamos o sofrimento, a capacidade de tolerância e resistência aumenta as nossas perspectivas sobre a vida. Sem medo de enfrentar a dor e as perdas, tivemos um grande conforto espiritual: resgatamos a humanização e a dignidade perante a morte. Pela reconciliação com ela, tivemos a oportunidade de pedir perdão um ao outro, de fazer nossas despedidas, de repassar nossas experiências e vivências de 23 anos vividos juntos nesta vida. 


E para finalizar, eu gostaria de partilhar com vocês uma nova experiência que vivo hoje, numa Casa Espírita. O Centro Espírita Obreiros do Senhor de Rudge Ramos – SBC, iniciou neste ano, uma atividade muito interessante: trata-se de um Grupo de Suporte ao Luto chamado Diálogo Fraterno cujo objetivo é orientar e amparar as pessoas que perderam seus entes queridos e que chegam à Casa Espírita em busca de esclarecimento e socorro espiritual. 


Através de palestras evangélicas, o Diálogo Fraterno procura consolar, despertar e conscientizar os participantes. Após a palestra, o grupo se reúne e cada participante tem a oportunidade de desabafar e ouvir o desabafo do outro, relembrar as perdas, recuperar as lembranças da vida e morte do ente querido e expressar seus sentimentos, reorganizando-os internamente. 


Portanto, agradeço a Deus, ao Romeu (meu marido) e a toda as pessoas cujo sofrimento pelas perdas que tiveram, deram-lhe a experiência e os conhecimentos que me possibilitaram criar novos caminhos para aqueles que ainda se vêem sufocados por um luto, cuja razão não compreendem e por isso não são capazes de crescer por meio desse sofrimento. 


(Texto Extraido do Site: Perdas de Entes Queridos)

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

AMOR ETERNO






Mãe e filha estavam caminhando pela praia.
Num certo ponto, a menina perguntou:
- " Como se faz para manter um amor ? "
A mãe olhou para a filha e respondeu:
-" Pegue um pouco de areia e feche a mão com força..."
A menina assim fez e reparou que quanto mais forte apertava a areia com a mão, com mais velocidade a areia escapava.
-" Mamãe, mas assim a areia cai !!! "
-" Eu sei, agora abra completamente a  mão..."
A menina obedeceu mas veio um vento forte e levou consigo a areia que restava em sua mão.
- " Assim também não consigo mantê-la em minha mão!"
A mãe, sempre a sorrir disse-lhe:
-" Agora pegue outra vez um pouco de areia e
deixe-a na mão semi-aberta como se fosse uma colher... bastante fechada para protegê-la e bastante aberta para lhe dar liberdade."
A menina experimenta e vê que a areia não escapa da mão e está protegida do vento.
-" É assim que se faz durar um amor".


(Desconheço o Autor)

domingo, 4 de dezembro de 2011

CHORAR FAZ BEM






 Perante a nossa grande mágoa, chorar é um comportamento natural que exprime os sentimentos de desespero, revolta e tristeza. A contenção do choro muitas vezes depende da cultura ou mesmo da educação que se tenha tido.
         Chorar é mostrarmo-nos de uma maneira mais expressiva. Não reprimir o choro é ter oportunidade de criar um elo com a nossa própria emoção. Através dessa expressão sentida conseguimos conhecermo-nos melhor, uma vez que estamos a extravasar os nossos sentimentos intensamente. Assim  suportaremos melhor a angústia que nos quer destruir.
         É humana esta necessidade imensa de sentir a dor através do choro. Libertarmo-nos da opressão que sentimos e, quando esse transbordar de lágrimas cessa, chegamos a pensar: “Chega de chorar. Vou encarar a Vida e fazer o meu melhor em memória do meu filho”.
         É depois de desabafar através das lágrimas, por vezes, há muito contidas, que se encontra alívio e clareza de espírito para prosseguir e enfrentar o dia a dia, ou seja, o futuro. Fica-se mais sintonizado com as emoções. Há uma libertação saudável do interior para o exterior.
         Muitos pais reprimem as suas lágrimas por vergonha de se mostrarem como homens fracos. Nunca conseguiram chorar. Enquanto o não fizerem estão sujeitos a comportamentos compulsivos, medos e manias que acabam por limitar a sua vida fazendo também sofrer os seus familiares.
         A nossa dor não passa com o tempo. O tempo só atenua a dor, mas não a cura. A dor só acaba por ir purificando o sofrimento, dura realidade que nos magoa. Apenas e só a consciência do sofrimento é capaz de transformá-lo em serenidade. É preciso aprender a saudade para não acumularmos mais confusão no nosso interior.
         O nosso autoconhecimento surge quando passamos a aceitar a nossa fragilidade diante da dor da perda e naturalmente viver com a nossa sabedoria intuitiva de defesa. A dor, como forma de alimento, por muito que me custe dizê-lo, por receio de não ser compreendida, é inútil. É preciso sim unir o pensamento ao sentimento. Saber conviver com o nosso filho perdido, em paz.
         Como poderemos fazê-lo? Cada pai ou mãe são diferentes e sendo assim reagem das maneiras mais diversas. Todos eles, no entanto, sabem que têm de prosseguir por si, pelos outros filhos, pelo trabalho que lhes dá a subsistência, pelos seus próprios pais mais idosos e cansados, enfim, um rol de circunstâncias que fazem desesperar mas também incutir a força de reagir.
         Que a opressão que muitas vezes carregamos seja aliviada pelas lágrimas. Depois... é bom olhar o céu com todas as suas nuances e acreditar sempre no dia seguinte. Um renascer de esperança e coragem para nos podermos abrir ao amor com todos aqueles que partilham a nossa vida.
         O luto por um filho é um processo muito doloroso e que foge ao nosso controle. Não há regras nem certezas. Podemos pensar que estamos bem para encarar o quotidiano mas, inesperadamente, num momento, num olhar, num gesto, num vulto, num sorriso todo o drama surge tão nítido que caímos outra vez no abismo da perda. Acreditem, porém, que cada vez que se erguerem se vão sentir mais corajosos e mais  inteiros.                                                                            
(Aida Nuno)