segunda-feira, 26 de março de 2012

AVE MARIA DAS MULHERES

Mãe, 



Aqui, agora e a sós
Quero lhe pedir por todas nós
Por aquelas que foram escolhidas
Para dar a vida
Mulheres de todas as espécies
De todos os credos, raças e nacionalidades ;


Todas aquelas nas quais a vida 
Está envolvida em sorrisos, lágrimas,
tristezas e felicidades
Aquelas que sofrem por filhos 
que geraram e perderam
As que trabalham o dia inteiro
Em casa ou em qualquer emprego;


Quero pedir pelas mães
Que penam por seus filhos doentes
Quero pedir pelas meninas carentes
E pelas que ainda estão dentro de um ventre;


Pelas adolescentes inexperientes
Pelas velhinhas esquecidas em asilos 
Sem abrigo, sem família, carinho e amigos 
Peço também pelas mulheres enfermas
Que em algum hospital
aguardam pela sua hora fatal;


Quero pedir pelas mulheres ricas 
Aquelas que apesar da fortuna
Vivem aflitas e na amargura
Peço por almas femininas mesquinhas, 
pequenas e sozinhas
Por mulheres guerreiras a vida inteira
Pelas que não têm como dar a seus filhos
o pão e a educação;


Peço pelas mulheres deficientes
Pelas inconseqüentes
Rogo pelas condenadas, 
aquelas que vivem enclausuradas
Por todas que foram obrigadas
a crescer antes do tempo
Que foram jogadas na lavoura
Ou em alguma cama devastadora;


Rogo pelas que mendigando nas ruas
Sobrevivem apesar dessa tortura
Pelas revoltadas, 
as excluídas e as sexualmente reprimidas;


Peço pela mulher dominadora e pela traidora
Peço por aquela que sucumbiu sonhos dentro de si
Por todas que eu já conheci
Peço por mulheres solitárias e pelas ordinárias
As mulheres de vida difícil 
e que fazem disso um ofício
E pelas que se tornaram voluntárias
por serem solidárias;


Rogo por aquelas que vivem acompanhadas
Embora tristes e amarguradas
E por todas que foram abandonadas
As que tiveram que continuar sozinhas
Sem um parceiro, um amigo, um ombro querido;


Peço pelas amigas
Pelas companheiras
Pelas inimigas
Pelas irmãs e pelas freiras
Suplico por aquelas que perderam a fé
Que se distanciaram da esperança
Quero pedir por todas que clamam por vingança
E com isso se perdem em sua inútil andança;


Rogo pelas que correm atrás de justiça
Que a boa vontade dos homens as assista
Peço pelas que lutam por causas perdidas
Pelas escritoras e as doutoras
Pelas artistas e professoras
Pelas governantes e pelas menos importantes
Suplico pelas fêmeas
que são obrigadas a esconder seus rostos
E amputadas do prazer vivem no desgosto;


Quero pedir também pelas ignorantes
E por todas que no momento estão gestantes
Por aquela mulher triste dentro do coração
Que vive com a alma mergulhada na solidão
Por aquela que busca um amor verdadeiro
Para se entregar de corpo inteiro
E peço pela que perdeu a emoção
Aquela que não tem mais paz dentro do coração
E rogo, imploro, por aquela que ama
E que não correspondida, vive uma vida sofrida
Aquela que perdeu o seu amor
E por isso, sua alma se fechou
Por todas que a droga destruiu
Por tantas que o vício denegriu
Suplico por aquela que foi traída
Por várias que são humilhadas
E pelas que foram contaminadas;


Mãe,
quero pedir por todas nós
Que somos o sorriso e a voz
Que temos o sentimento mais profundo
Porque fomos escolhidas tanto quanto você
Para gerar e, apesar de qualquer coisa,
Amar...
Independente de quem forem nossos filhos
Feios ou bonitos
Amáveis ou rebeldes
Perfeitos ou deficientes
Tristes ou contentes


Mãe, 
ajuda-nos a continuar nessa batalha
Nessa guerra diária
Nessa luta sem fim
Ajuda-nos a ser feliz como a gente sempre quis
Dai-nos coragem para continuar
Dai-nos saúde para ao menos tentar
Resignação para tudo aceitar
Dai-nos força para suportar nossas amarguras
E apesar de tudo 
continuarmos a ser sinônimo de ternura;


Perdoa-nos por nossos erros
E por nossos insistentes apelos
Perdoa-nos também por nossas revoltas
Nossas lágrimas e nossas derrotas
E não nos deixe nunca mãe, perdermos a fé
E sempre que puder
Peça por nós ao Pai
E lembre-lhe que quando ele criou EVA
Não deixou com ela nenhum mapa de orientação
Nenhum manual com indicação
Nenhuma seta indicando o caminho correto
Nenhuma instrução de como viver
De como, a despeito de tudo vencer
E mesmo assim.....conseguimos aprender.
Amém!


(Silvana Duboc)

domingo, 18 de março de 2012


AS DORES CAUSADAS PELA MORTE DE PESSOAS QUERIDAS          VESTEM-SE DE INFINITAS MANEIRAS

As dores causadas pela morte de pessoas queridas vestem-se de infinitas maneiras. Cada um tem uma história a contar. Crianças que perdem os pais, pais que sepultam filhos, esposos amados que se separam pela espada da morte. Amigos que sentem o silêncio da ausência de alguém com quem partilhavam vida e afeto. Mas há cenas que ultrapassam a dor cotidiana das mortes anunciadas e esperadas, ou mesmo inesperadas pela crucial violência. Recordo dois exemplos, um arrancado da memória bem passada e outro recente.

Lá, pelos idos da 2ª Guerra Mundial, a insânia perversa do nazismo arrancou com violência uma multidão de crianças pequenas dos braços amorosos das mães, amontoando-as num vagão que as conduziu à morte no Campo de Concentração. O grito lancinante de dor das mães era somente abafado pelo vozerio estúpido dos brutais soldados e pelo choro desesperado das crianças. Cena lancinante! Crianças não foram feitas para morrer!

Talvez o leitor tenha visto e se lembre da tocante imagem daquela mulher com o rosto transtornado de dor e com os braços estendidos em direção aos quatro caixões dos três filhos assassinados pelo pai que depois se suicidara. Ali estava o fim de seus amores da terra. E diante de tanto sofrimento, que palavra humana temos? Somente o silêncio.

A primeira pergunta, que nos vem à mente, é a que o papa Bento XVI, na visita ao campo de concentração de Auschwitz na Polônia, se fez: "Onde estava Deus naqueles dias? Por que ele se calou então? Como pôde tolerar este excesso de destruição, este triunfo do mal?". Ousaria responder: misturando suas lágrimas divinas com as das mães.

Nenhuma cultura encontrou outra resposta para a morte a não ser sepultar com amor, cuidado e reverência os mortos. Antropólogos reconhecem no sepultamento os primeiros sinais de humanidade, separando-nos do mundo animal. O animal cai morto e aí fica. 
O ser humano é enterrado com ritos, símbolos e com orações fúnebres. Tudo pode terminar aí, mas mesmo assim o ser humano faz questão de sepultar seus semelhantes.

Horácio, o poeta latino, acreditou que atravessaria o esquecimento da morte pela beleza dos versos. Sem modéstia, dizia que erguera com eles um "monumento mais perene que o bronze". Assim lutam as culturas contra a morte, tão terrível ela parece ser. 
E os humanos do lado de cá tecem honras aos mortos, erguem-lhes mausoléus, dão-lhes os nomes a praças e ruas, enfim inventam mil artifícios para os reterem entre nós. Mas sabem que tudo isso não dá vida a ninguém além da morte. Atenua-se a dor imediata, fica a latente e profunda. 
É simbólica a frase que está na entrada do Cemitério do Bonfim de Belo Horizonte, MG: "morituri mortuis" - "os que irão morrer aos que já morreram". Lá estão os túmulos desde sepulcros ao rés-do-chão (casa ou andar de edifício que fica ao nível do solo) até monumentos faustosos.

A fé judaica debateu-se durante séculos com tal problema. E a palavra revelada foi fazendo caminho pela história de um silêncio quebrado pela posteridade até chegar a luz luminosa da ressurreição, passando pela escuridão muda do sheol (é o local de purificação espiritual ou punição para os mortos, um local o mais distante possível do céu). 
Viemos, nós cristãos, depois e na esteira de Israel. Nela nasceu Jesus e com a linguagem da ressurreição exprimiu com clareza o próprio destino depois da morte. Então começou a ensinar-lhes que o Filho do homem devia sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e pelos escribas, que devia ser morto e ressuscitar depois de três dias (Marcos 8,31).

Ressuscitou. Não está aqui, disse o anjo às mulheres (Mc 16, 6). Essa mensagem ecoa no coração da fé cristã até o dia de hoje. Temos na fé somente duas palavras a dizer aos que sofrem com a ausência triste do morto querido. Deus é o primeiro a pôr-se ao lado do golpeado pela dor. E em gesto de solidariedade mostra-nos o Filho que lhe foi arrancado pela violência da maldade humana. É a solidariedade do próprio Deus conosco no sofrimento. E depois em gesto ulterior (que chega ou acontece depois) mostra o túmulo vazio. Já não se encontra lá, perdido na pura corrupção, no nada abissal. Vive, e de uma vida em plenitude.

Assim os mortos em Cristo - e esperamos que todos os nossos mortos o sejam - participam de igual vida. Todos que morremos em Adão ressuscitaremos em Cristo. Que a fé na ressurreição, se não consegue secar todas as lágrimas da terra, rasga, porém, horizonte de esperança e anuncia encontro na luz da eternidade.

Postado por Erick Ramon (Blog Vocacionados de Deus e Maria) 22/02/2011

domingo, 11 de março de 2012

SER MULHER É...


É viver mil vezes em apenas uma vida, 
é lutar por causas perdidas e sempre sair vencedora, 
é estar antes do ontem e depois do amanhã, 
é desconhecer a palavra recompensa apesar dos seus atos. 


Ser mulher é caminhar na dúvida cheia de certezas, 
é correr atrás das nuvens num dia de sol 
e alcançar o sol num dia de chuva. 


Ser mulher é chorar de alegria e muitas vezes sorrir com tristeza, 
é cancelar sonhos em prol de terceiros, 
é acreditar quando ninguém mais acredita, 
é esperar quando ninguém mais espera. 


Ser mulher é identificar um sorriso triste e uma lágrima falsa, 
é ser enganada e sempre dar mais uma chance, 
é cair no fundo do poço e emergir sem ajuda. 


Ser mulher é estar em mil lugares de uma só vez, 
é fazer mil papéis ao mesmo tempo, 
é ser forte e fingir que é frágil pra ter um carinho. 


Ser mulher é se perder em palavras 
e depois perceber que se encontrou nelas, 
é distribuir emoções que nem sempre são captadas. 


Ser mulher é comprar, emprestar, alugar, 
vender sentimentos, mas jamais dever, 
é construir castelos na areia, vê-los desmoronados 
pelas águas e ainda assim amá-las. 


Ser mulher é saber dar o perdão, 
é tentar recuperar o irrecuperável, 
é entender o que ninguém mais conseguiu desvendar. 


Ser mulher é estender a mão a quem ainda não pediu, 
é doar o que ainda não foi solicitado. 


Ser mulher é não ter vergonha de chorar por amor, 
é saber a hora certa do fim, 
é esperar sempre por um recomeço. 


Ser mulher é ter a arrogância de viver apesar dos dissabores, 
das desilusões, das traições e das decepções. 


Ser mulher é ser mãe dos seus filhos, 
e dos filhos de outros e amá-los igualmente. 


Ser mulher é ter confiança no amanhã e aceitação pelo ontem, 
é desbravar caminhos difíceis em instantes inoportunos 
e fincar a bandeira da conquista. 


Ser mulher é entender as fases da lua por ter suas próprias fases. 
É ser "nova" quando o coração está à espera do amor, 
ser "crescente" quando o coração está se enchendo de amor, 
ser "cheia" quando ele já está transbordando de tanto amor 
e "minguante" quando esse amor vai embora. 


Ser mulher é hospedar dentro de si o sentimento do perdão, 
é voltar no tempo todos os dias e viver por poucos instantes 
coisas que nunca ficaram esquecidas. 


Ser mulher é cicatrizar feridas de outros 
e inúmeras vezes deixar as suas próprias feridas sangrando. 




(Autor Desconhecido)




segunda-feira, 5 de março de 2012


PARA PAIS QUE PERDERAM FILHOS




 A dor de perder um(a) filho(a) é para sempre?


 
A perda de um filho implica num tipo muito particular de luto, pois solicita adaptações tanto sob os aspectos individuais de cada um dos pais no enfrentamento desta situação, como em adaptações na relação com o(a) esposo(a), no sistema familiar e na sociedade.


Quando perdemos um filho perdemos nossa perspectiva de futuro pois é neles que garantimos a possibilidade de realizar todos os sonhos e projetos que não conseguimos em nossas próprias vidas. Um filho não é apenas uma extensão biológica de seus pais, mas também psicológica, por isso temos a sensação que perdemos um pedaço de nós.


Estou ficando louco?
 
O luto por um filho é marcado por muita culpa e revolta, e por algum tempo chegamos a"brigar" com Deus, por não conseguir entender (aceitar) o porque de estar vivendo uma dor tão intensa.
As reações ligadas à perda de um filho dependem de alguns fatores como:


 - a relação prévia entre pais e filho. Por exemplo: quando existem conflitos no relacionamento, os pais sentem-se mais culpados após a perda de seu filho.


 - a idade do seu filho: não existe uma idade pior, mas em cada etapa da vida existem fatores que dificultam a elaboração da perda, como por exemplo na adolescência, fase em que existe maiores chances de conflitos entre pais e filhos.


 - as circunstâncias da perda: o que aconteceu, como aconteceu, as causas da perda.


Um número grande de sintomas fisiológicos podem acompanhar as reações psicológicas e sociais dos pais, como por exemplo: anorexia, distúrbios gastrointestinais, perda de peso, insônia, cansaço excessivo, choro, palpitações, estresse, perda do desejo sexual ou hipersexualidade, falta de energia e retardo psicomotor, respiração curta.


E o que acontece no casamento?
 
O casamento sofre um grande impacto com a perda de um filho. As características do relacionamento obviamente serão afetadas pela maneira como cada um dos parceiros expressa sua dor. A comunicação tende a complicar-se pois a mãe pode sentir-se sozinha em seu luto, enquanto o pai pode ver-se lutando para conter sua dor a fim de poupar o sofrimento da esposa. Estas tentativas de evitar o sofrimento do outro, muitas vezes gera um distanciamento tão grande nos casais, que não é incomum ocorrerem separações após a perda de um filho.


Não basta a perda do meu filho(a). Estou sofrendo muito por outras mudanças. Por quê?


Quando perdemos um filho, perdemos também todas as suas funções explícitas e implícitas dentro do funcionamento familiar, por exemplo: companheiro da mãe, o "bode expiatório", o apaziguador, etc. Neste momento, podem ocorrer outros tipos de perda, como a separação dos pais, dificuldades financeiras após os gastos com o funeral.
   
O que eu faço com meu filho que está vivo?
 
Não é incomum os pais atribuírem qualidades santificadas ao filho, como "o favorito", "melhor", "mais sensível", ou "especial". Isto pode intensificar as experiências de luto dos pais, como dos irmãos. Podem acontecer as comparações entre os filhos vivos e o filho idealizado que morreu. É bom lembrar que esta criança também está sofrendo pois perdeu um irmão e porque vê seus pais sofrerem de forma tão intensa como se ele não fosse capaz de amenizar dor nenhuma. Isto pode trazer sérias complicações para o desenvolvimento psicológico deste irmão. Por outro lado os pais vivem sentimentos ambivalentes em relação aos filhos que "sobreviveram" pois sentem medo de investir afetivamente nestes, ou por outro lado, passam a superproteger, com medo de perder estes também. Isto muitas vezes tem um caráter de castigo por terem sobrevivido no lugar do irmão morto.


Como posso lidar com o meu luto?
 
Só você sabe o que esta perda representou para você, portanto respeite-a.Se você entender o seu ritmo e seus limites para enfrentar a adaptação a esta perda, você irá lentamente se organizando diante deste sofrimento. Esta dor é para sempre? De certa forma sim, porque um vínculo com um filho é único e para sempre, mesmo que a distância. O que acontece é que a ferida aberta passa aos poucos a cicatrizar-se, mas nunca se apagará. Você irá se alimentar desta dor por muito tempo, mas aos poucos irá perceber-se divertindo-se, produzindo, trabalhando, enfim, vivendo novamente, mas não será a mesma pessoa de antes, pois esta experiência fará você rever uma série de valores, crenças e comportamentos.
   
Qual é a hora de pedir ajuda?
 
Peça ajuda quando perceber-se em algumas das situações citadas abaixo:


- sente vários dos sintomas fisiológicos citados acima;
- sente muitas dificuldades de compartilhar o sofrimento com o(a) parceiro(a);
- não consegue relacionar-se com os filhos que ficaram;
- não sente vontade de comparecer à eventos sociais já faz um pelo menos seis meses; 
- ninguém consegue ouvir você lembrar tudo o que aconteceu; sente-se culpado por brigar com Deus;
- não conseguiu desvencilhar-se de nenhum objeto ou roupa do filho, mesmo após um ano de sua perda.


(Texto de Gabriela Casellato - Instituto de Psicologia Quatro Estações)