quarta-feira, 30 de maio de 2012

AINDA ME PERGUNTANDO: COMO PODEMOS VIVER COM A PERDA DE NOSSOS(AS) FILHOS(AS)?


Ser mãe é padecer no paraíso, quanta alegria e celebração à mulher que pode dizer isso – ela é mãe de filho vivo. Mãe de filho morto é mulher que desce ao inferno da dor, do desespero e da depressão. Sua vida, de céu não tem nada, há apenas um quedar-se insone, ansioso e impotente diante de um destino que não pode mudar. Se as mães pudessem pressentir a morte inesperada de filhos, em crimes e acidentes, ou salvá-los de morte anunciada por enfermidade que vai se estendendo, simbolicamente tentariam aquilo que é fisiologicamente impossível: pelo mesmo e agora já inexistente cordão umbilical, através do qual os colocaram no mundo, os trariam de volta ao aconchego do útero. Sim, é nele, útero, que a constante dor emocional da morte, quase sempre psicossomatizada, lateja fisicamente. Psicólogos afirmam: “Muitas mulheres, ao perderem suas crianças, sentem pontadas no útero” – útero que já foi preenchido pelo feto, feto que virou filho, filho que virou sepultura. “A dor não passa jamais”, diz Luciana Mazorra, psicóloga clínica e professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. 
“Emocional e fisicamente, é como se ela fosse mudando de lugar e machucando a mãe em espaços diversos.” Assim fala a teórica.
“O falecimento de um filho é dor que dói na alma e no corpo.”  “Não há superação”, mas tão somente adequação no dia a dia ao sofrimento.
 Existem na vida dois fenômenos irreversíveis, ou seja, a maternidade e a morte. A mulher é uma "mulher" e quando dá à luz passa a ser uma "mulher-mãe". Se seu filho morre, ainda assim ela continua sendo mãe. Novamente aqui, reforça-se a tese com uma fala dolorida: “Não existe ex-mãe”.
Para todas essas mães que perderam seus filhos a vida muda naquilo que é mais perceptível, ou seja, na rotina, na saúde, no ânimo e nos projetos. Mas muda também, e em doses alucinantes de padecimento, naquilo que é inconsútil, mas se torna marcado para sempre: a alma.
É como amputar um braço, não se recupera mais. É uma dor que é um buraco que nada preenche.” Falou-se em alma da mulher-mãe, falou-se no desejo impotente de amparar o que já é inerte e assim faz-se necessário voltar-se aqui à teoria do luto. O que é essa alma? Como se dá o processamento da irreversível perda? O projeto de maternidade, bem como a maternidade consumada, é para a mulher uma espécie de “prolongamento de seu ego”, assim ensinou humanidade o criador da psicanálise, Sigmund Freud, e dois de seus mais geniais seguidores – embora tenham rompido com o mestre no andar da carruagem do conhecimento humano – Melanie Klein e Jacques Lacan. Pode-se dizer, mesmo, que “é um ato narcisista da mulher e que na criança ela vai projetar a si própria, o que não quer dizer que não a ame profundamente e para sempre”. 
Assim, quando o filho morre, três dores se sobrepõem. Em primeiro lugar, o “espelho-lago da mitologia de Narciso”, presente em todos nós, se parte e muitas mães órfãs mal conseguem olhar-se de fato num espelho de verdade.
Em segundo lugar, a morte do filho interrompe toda a perspectiva de futuro que a mãe nele depositara, inclusive o futuro de ver seus genes se fortificarem e se perpetuarem – essa é parte emocional e novamente não tangível, mas contam também os projetos visíveis de vê-lo estudar, viajar, fazer dele uma pessoa e tê-lo como uma grande e constante companhia. Com ele vivo, o mundo é uma escada rolante subindo; se ele morre, nem se pode dizer que essa escada rolante pare. Na verdade, ela desce despencando. 
Terceira e finalmente, a morte de um filho interrompe o inexorável, mas natural caminhar do tempo: estamos culturalmente preparados para assistir, primeiro, à morte de nossos bisavós, avós e pais – ou seja, daqueles que primeiro chegaram ao mundo. O falecimento do descendente, portanto, interrompe essa ordem estabelecida de vida e morte e a mulher-mãe enlouquece ao triste estilo dos incrédulos que não se cansam de perguntar “por quê?, por quê? por quê?”. 
Mas há também uma outra, novamente a da alma, a da ordem natural interrompida de nascimento, crescimento, envelhecimento e morte. Há o desespero que somente a desesperada sabe qual é. 
 Na subversão do tempo dos vivos e dos mortos, quando gente pequena morre antes de gente grande, ou na “traição do tempo”, como às vezes preferem definir algumas mulheres enlutadas, já não vale o lugar-comum que repetimos e julgamos toda dor aplacar: “Dê tempo ao tempo que a dor passa.” Não. Para as órfãs de suas proles o tempo estanca e não há lenitivo; e entre aqueles que se especializam em cuidar delas é impossível quantificar um período de luto. “Perder um filho é o maior stress que o ser humano pode passar. Não dá para dizer quanto dura esse luto, ele pode ser eterno”, diz a psicóloga Éster Affini, especializada no atendimento desses casos. 
Que nome dar a essa dor? As mulheres-mães-órfãs choraram. As mulheres-mães-órfãs responderam: – Essa dor não tem nome. 


Texto de Antonio Auggusto João- 04/04/2010, modificado por Liane T. Caron)

terça-feira, 22 de maio de 2012

04 ANOS E 09 MESES SEM VOCÊ ANA CLÁUDIA

Dia 08 de Maio de 2012, fomos surpreendidos aqui em casa por pessoas nos ligando e enviando mensagens pelo Facebook nos perguntando se havíamos lido um dos jornais locais aqui de Curitiba.
- Dissemos que não. 
Disseram-me que havia uma reportagem falando sobre a morte da minha amada filha Ana Cláudia que está prestes a completar 05 anos em agosto. E para minha tristeza bem próximo do "Dia das Mães". Não bastando à falta da minha filha ainda tendo que reviver todos os dias de angustia e tristeza da época do acontecimento. Porém retirei algumas linhas dessa reportagem que falam de minha filha que me amenizaram após tantas informações relatadas. Reescrevo-as logo abaixo da sua fotografia.
                                SAUDADE ETERNA FILHA. TE AMAMOS.


As adolescentes em geral são bonitas. Algumas são mais bonitas que outras. Ana Cláudia Caron pertencia a este grupo de garota mais bonita que as outras. Cabelos negros, olhos astutos e perscrutantes, parecendo duas ameixas negras num rosto com sorriso suave. Algumas sardas sob os olhos e um pequeno piercing prateado na parte direita do nariz completavam o semblante de garota que os amigos definiam como "meiga e cheia de vida". Ela tinha namorado e cursava o primeiro ano de Educação Física na Universidade Federal do Paraná. Embora o sobrenome Caron tenha origem teutônica, Ana Cláudia em seus 18 anos de idade recordava um belo exemplar de beleza mediterrânea. 
Esta foi a imagem que a garota deixou em suas últimas fotografias. Fotografias feitas quando estava viva.
(por Edilson Pereira)

domingo, 13 de maio de 2012


MINHA HOMENAGEM À TODAS AS MÃES QUE ASSIM COMO EU TEM UM ANJO JUNTO DE DEUS


MATER

Ei-la!...- senhora e serva, entre humana e divina,
Por mais a dor, por dentro, a espanque ou despedace,
Carreia a paz no gesto e o sorriso na face,
Fala e desvenda o rumo, abençoa e ilumina.

Anjo renovador, tem no lar a oficina,
Onde o serviço exclui todo prazer mendace,
Ao seu toque de luz, a esperança renasce,
Suporta, recompõe, trabalha, sofre, ensina.

Mãe, um dia, quis Deus mostrar-se à vida humana,
Fez-te santa e mulher, escrava e soberana,
Vinculada nos Céus, de homenagens prescindes!...

Deus se revela em ti, no amor alto e perfeito,
Por isso, trazes, Mãe, nos recessos do peito,
A ternura sem par e a bondade sem limites.

 
pelo Espírito Carlos Bittencourt - Do livro: Mãe, Médium: Francisco Cândido Xavier.

segunda-feira, 7 de maio de 2012


MENSAGEM DE PERDA
Nossos Pais descobrem que um ser está para nascer e trazer as suas vidas um brilho de luz.
A cada sorriso, palavra, olhar ou suspiro, uma cachoeira de lágrimas parece inundar seus olhos de alegria e paz.
Nos tornamos adolescentes e a busca pela independência é cada vez mais clara. A nossa vontade de conquistar espaço nos distância de quem sempre nos amará, esquecemos a família. Esquecemos de dizer o quanto os amamos.
Mas um dia nossos entes queridos se vão. Quando menos esperamos e sem nenhum aviso, Deus tira de nós o que mais amamos.
Em nosso peito apenas a dor de um punhal que a cada "meus pêsames" parece pesar.
Nossos pensamentos divulgam para cada gota de sangue em nosso corpo a culpa de nunca ter dito: "te amo"; "preciso de você", "estou sempre aqui", "me preocupo", e como se não bastasse vem à frase mais forte "a culpa foi minha".
Nossos sonhos caem por terra, nossa independência parece perder a importância.
E a resposta para essa dor? O tempo e uma certeza:
Quando amamos transmitimos em pequenos atos e gestos, e as palavras não importam mais; quando precisamos de alguém, sentimos sua presença, e as palavras não têm mais sentido; quando nos sentimos sós e abandonados, surge uma palavra ou um gesto e descobrimos que nunca estaremos sós.
E a culpa? A culpa é da vida que tem inicio, meio e fim. A nossa culpa está apenas em amar tanto e sentir tanto perder alguém.
Mas o tempo é remédio e nele conquistamos o consolo, com ele pensamos nos bons momentos. E com um pouco mais de tempo, transformamos nossos entes queridos em eternos companheiros.
Nossos sonhos ganham aliados, nossa independência ganha acompanhantes, nossa vida conquista anjos. E no fim apenas a saudade e uma certeza:
Não importa onde estejam, estarão sempre conosco.
 
(Autor Desconhecido, mensagens e poemas)