ONDE ESTÃO NOSSOS AMORES?
Quando as sombras da morte arrebatam nossos amores, um
punhal se crava em nosso coração.
A dor moral é tamanha, a sensação de perda é tão grande que
o corpo inteiro se retesa e sente dores.
À medida que os dias se sucedem e as horas avançam
tristonhas, acumulando dias, a ausência da presença amada mais se faz dolorida.
Então, revolvemos nossas lembranças e no Banco de Dados da
nossa memória, vamos recordar dos momentos felizes que juntos desfrutamos.
Recordamos das viagens, das pequenas coisas do dia a dia,
dos aniversários, das tolices.
E até das rusgas, dos pequenos embates verbais que, por
convivermos tão próximos, aconteceram, ao longo dos anos.
Se o ser amado é um filho, ficamos a rememorar os primeiros
passos, as palavras iniciais, os balbucios. E a noite da saudade vai se
povoando de cenas que tornamos a viver e a sentir.
Recordamos o dia da formatura, as festas com os amigos, as
ansiedades antes das entrevistas do primeiro emprego. Tantas coisas a
rememorar...
Acionamos as nossas recordações e, como um filme, as cenas
vão ali se sucedendo, uma a uma, enquanto a vertente das lágrimas extravasa dos
nossos olhos.
E se trata do cônjuge, vêm-nos à lembrança os dias do
namoro, os tantos beijos roubados aqui e ali, as mãos entrelaçadas, os mil
gestos da intimidade...
Na tela mental, refazemos passos, atitudes, momentos de
alegria e de tristeza, juntos vividos e vencidos.
Pais, irmãos, amigos, colegas. A cada partida, na
estatística de nossa saudade, acrescentamos mais um item.
E tudo nos parece difícil, pesado. A vida se torna mais
complexa sem aqueles que amamos e que se constituíam na alegria de nossos dias.
Vestimo-nos de tristeza e desaceleramos o passo da própria
existência.
Como encontrar motivação para a continuidade das lutas, se o
amor partiu?
Como prosseguir caminhando pelas vias da solidão e da
saudade?
* * *
Nossos amores vivem e nos veem, nos visitam. Não estão
mortos, apenas retiraram a vestimenta a que nos habituáramos a vê-los.
Substituíram as vestes pesadas por outras diáfanas,
vaporosas. Mas continuam conosco.
Por isso, não contribuamos para a sua tristeza, ficando
tristes.
Eles, que nos amaram, continuam a nos amar com a mesma
intensidade e nos desejam felizes.
Por isso nos visitam nas asas do sonho, enquanto o sono nos
recupera as forças físicas.
Por isso nos abraçam nos dias festivos. Transmitem-nos a sua
ternura, com seus beijos de amor.
Sim, eles nos visitam. Eles nos acompanham a trajetória e
certamente sofrem com nossa inconformação, nosso desespero.
Eles estão libertos da carne porque já cumpriram a parte que
lhes estava destinada na Terra: crianças, jovens, adultos ou idosos.
Cada qual tem seu tempo, determinado pelas sábias Leis
Divinas.
* * *
Quando as dores da ausência se fizerem mais intensas, ora e
pede a Deus por ti e por teus amores que partiram.
E Deus, que é o amor por excelência, te permitirá o
reencontro pelos fios do pensamento, pelas filigranas da prece, na intimidade
da tua mente e do teu coração.
Utiliza essa possibilidade e vive os anos que ainda te
faltam, com nobreza, sobre a Terra.
Redação do Momento Espírita.
Em 31.01.2010.