Olá pessoas
queridas do meu coração. Estou meio sumida das chamadas “redes sociais” por algum tempo e já que fiz grandes amizades
virtuais e também me correspondo com minhas amizades e parentes não virtuais
através destas redes devo-lhes uma satisfação do meu afastamento.
Sinto falta
de me corresponder com todos, mas estou passando por uma fase de mudança. Não
está sendo nada fácil, pois além do desgaste físico o desgaste emocional também
estava e ainda está me consumindo.
Sempre achei
que a mudança da casa dos pais para viver com outra pessoa após o casamento era
a mais dolorida, pois você está abandonando a sua fase adolescente e muitas
vezes até infantil que você tinha com seus pais para a sua fase adulta, de
mulher casada e com novas responsabilidades pela frente. Mas não...
Sei que muitas pessoas que vivem pagando
aluguel do local onde moram talvez não tenham esse apego ao material, mas que
de alguma forma deram pedacinhos seus para decorar suas casas temporárias com
detalhes particulares da família. Que só quem vive nessa casa entende o porquê
disso ou o porquê daquilo.
Bem, onde
quero chegar é o seguinte: - Estou me mudando após 12 anos de termos construído
o que chamávamos “A casa dos nossos
sonhos”. Dos quais 06 anos foram com a família completa. Uma casa onde pensamos
em todos os detalhes do que queríamos e precisávamos. Nos quartos para cada uma
das meninas e é claro também um extra para as visitas que aqui ficavam.
Muitas
alegrias, festas de aniversários, Natais; os quais gostávamos de ver a casa
cheia com as famílias do lado do meu marido e do meu. A entrega dos presentes
pelo Papai Noel (que era com frequência um primo do meu marido que encarava a
personificação do querido e bom velhinho).
As crianças
pequenas com seus olhares brilhantes e fascinadas por verem em carne e osso o
tão querido Papai Noel que nunca se esquece de ninguém.
Em seguida a
grande ceia partilhada com todos ao som de músicas natalinas e uma oração de
agradecimento, geralmente feita pela minha mãe (a matriarca das famílias e a
mais idosa entre todos) e logo em seguida o meu breve discurso e um discurso
acalorado e cheio de sentimento e algumas “doses” é claro do meu digníssimo
marido. Mas a alegria era total. Varávamos a madrugada. E no outro dia como
imagino que seja assim em todas as famílias, tínhamos a tradicional comida
francesa “Restô Dontê”.
E como
também de praxe na maioria das famílias íamos ver a entrada do novo ano no
litoral.
E de repente...
em 21 de agosto de 2007 a desgraça bateu à nossa porta. Palavra pesada, mas que
simboliza bem a perda de uma filha para uma mãe, pai, irmã, irmãos, avó, tios,
tias, primas, primos, enfim à todos os parentes.
Apesar do
sol brilhando lá fora nossos dias se tornaram cinzas, os sentimentos de
alegrias em tristezas, dor e revolta com o mundo e com Deus.
Se passaram
muitos e muitos dias com a vontade de ir embora junto com a minha menina. Tão
cheia de sonhos, vontades e beleza. No auge da sua juventude. 18 anos vividos e
faltando 15 dias para chegar aos seus 19 anos. Tão bela tão cheia de vida tão
cheia de amor, tinha pressa em viver e eu mal sabia o por que. Sua passagem por
nossas vidas foi tão breve e tão intensa, ah meu Deus, que saudade, que dor no
peito ao pensar e escrever o que me vem à mente, ah meu Deus, daí-me forças
para continuar...
São tantas
as lembranças que agora me vêm à mente que seria capaz de escrever um livro.
Mas o que quero dizer-lhes e que está sendo muito difícil me desapegar de tudo
o que fizemos aqui para transformarmos essa casa em um lar. As lembranças são muitas
e em todos os cômodos da casa. Em cada lugar por onde ando por aqui vejo o meu
passado com ela. Os pulos que ela dava na minha cama justamente quando eu
estava arrumando a colcha pela manhã e me puxava junto com ela, as vezes que
rolávamos pelo tapete da sala ou até mesmo no chão da cozinha, fazendo cócegas
uma na outra, quanta saudade... De sentir seu corpo, seu cheiro, sua voz, suas
gargalhadas...
Ainda tenho
muita coisa guardada e que sei que não poderei levar comigo, por isso tenho
aproveitado cada minuto em que fico sozinha mexendo nos nossos pertences, sem
pressa, revendo e guardando na memória nossos bons momentos vividos aqui. Não
sei quando retornarei para dar-lhes notícias, mas gostaria que soubessem que
estão sempre nos meus pensamentos e no meu coração também. Agradeço a quem me
ligou e eu não estava presente para atender, a quem me ligou e conseguimos
conversar, a todas que me deixaram e continuam deixando seus recadinhos em
minha página do Facebook, aos comentários deixados em meu Blog e as muitas
mensagens que me enviam por e-mail. Meu muito obrigada a todas(os), pois minha
força vêm de vocês para seguir nessa caminhada. Mas essa etapa da minha vida
pertence somente a mim e foi dessa forma que resolvi encará-la e enfrentá-la.
Beijos a todas(os) com o meu sincero carinho,
Liane.