quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

ESTAMOS PASSANDO PELA MAIS DIFÍCIL DAS MUDANÇAS




Olá pessoas queridas do meu coração. Estou meio sumida das chamadas “redes sociais” por  algum tempo e já que fiz grandes amizades virtuais e também me correspondo com minhas amizades e parentes não virtuais através destas redes devo-lhes uma satisfação do meu afastamento.
Sinto falta de me corresponder com todos, mas estou passando por uma fase de mudança. Não está sendo nada fácil, pois além do desgaste físico o desgaste emocional também estava e ainda está me consumindo.
Sempre achei que a mudança da casa dos pais para viver com outra pessoa após o casamento era a mais dolorida, pois você está abandonando a sua fase adolescente e muitas vezes até infantil que você tinha com seus pais para a sua fase adulta, de mulher casada e com novas responsabilidades pela frente. Mas não...
 Sei que muitas pessoas que vivem pagando aluguel do local onde moram talvez não tenham esse apego ao material, mas que de alguma forma deram pedacinhos seus para decorar suas casas temporárias com detalhes particulares da família. Que só quem vive nessa casa entende o porquê disso ou o porquê daquilo.
Bem, onde quero chegar é o seguinte: - Estou me mudando após 12 anos de termos construído o que chamávamos  “A casa dos nossos sonhos”. Dos quais 06 anos foram com a família completa. Uma casa onde pensamos em todos os detalhes do que queríamos e precisávamos. Nos quartos para cada uma das meninas e é claro também um extra para as visitas que aqui ficavam.
Muitas alegrias, festas de aniversários, Natais; os quais gostávamos de ver a casa cheia com as famílias do lado do meu marido e do meu. A entrega dos presentes pelo Papai Noel (que era com frequência um primo do meu marido que encarava a personificação do querido e bom velhinho).
As crianças pequenas com seus olhares brilhantes e fascinadas por verem em carne e osso o tão querido Papai Noel que nunca se esquece de ninguém.
Em seguida a grande ceia partilhada com todos ao som de músicas natalinas e uma oração de agradecimento, geralmente feita pela minha mãe (a matriarca das famílias e a mais idosa entre todos) e logo em seguida o meu breve discurso e um discurso acalorado e cheio de sentimento e algumas “doses” é claro do meu digníssimo marido. Mas a alegria era total. Varávamos a madrugada. E no outro dia como imagino que seja assim em todas as famílias, tínhamos a tradicional comida francesa “Restô Dontê”.
E como também de praxe na maioria das famílias íamos ver a entrada do novo ano no litoral.
E de repente... em 21 de agosto de 2007 a desgraça bateu à nossa porta. Palavra pesada, mas que simboliza bem a perda de uma filha para uma mãe, pai, irmã, irmãos, avó, tios, tias, primas, primos, enfim à todos os parentes.
Apesar do sol brilhando lá fora nossos dias se tornaram cinzas, os sentimentos de alegrias em tristezas, dor e revolta com o mundo e com Deus.
Se passaram muitos e muitos dias com a vontade de ir embora junto com a minha menina. Tão cheia de sonhos, vontades e beleza. No auge da sua juventude. 18 anos vividos e faltando 15 dias para chegar aos seus 19 anos. Tão bela tão cheia de vida tão cheia de amor, tinha pressa em viver e eu mal sabia o por que. Sua passagem por nossas vidas foi tão breve e tão intensa, ah meu Deus, que saudade, que dor no peito ao pensar e escrever o que me vem à mente, ah meu Deus, daí-me forças para continuar...
São tantas as lembranças que agora me vêm à mente que seria capaz de escrever um livro. Mas o que quero dizer-lhes e que está sendo muito difícil me desapegar de tudo o que fizemos aqui para transformarmos essa casa em um lar. As lembranças são muitas e em todos os cômodos da casa. Em cada lugar por onde ando por aqui vejo o meu passado com ela. Os pulos que ela dava na minha cama justamente quando eu estava arrumando a colcha pela manhã e me puxava junto com ela, as vezes que rolávamos pelo tapete da sala ou até mesmo no chão da cozinha, fazendo cócegas uma na outra, quanta saudade... De sentir seu corpo, seu cheiro, sua voz, suas gargalhadas...
Ainda tenho muita coisa guardada e que sei que não poderei levar comigo, por isso tenho aproveitado cada minuto em que fico sozinha mexendo nos nossos pertences, sem pressa, revendo e guardando na memória nossos bons momentos vividos aqui. Não sei quando retornarei para dar-lhes notícias, mas gostaria que soubessem que estão sempre nos meus pensamentos e no meu coração também. Agradeço a quem me ligou e eu não estava presente para atender, a quem me ligou e conseguimos conversar, a todas que me deixaram e continuam deixando seus recadinhos em minha página do Facebook, aos comentários deixados em meu Blog e as muitas mensagens que me enviam por e-mail. Meu muito obrigada a todas(os), pois minha força vêm de vocês para seguir nessa caminhada. Mas essa etapa da minha vida pertence somente a mim e foi dessa forma que resolvi encará-la e enfrentá-la. Beijos a todas(os) com o meu sincero carinho,

Liane.