quinta-feira, 22 de agosto de 2024

17 ANOS DE SAUDADE - ANA CLÁUDIA CARON

 



 Olá Ana Cláudia, como sempre não poderia deixar passar em branco essa data que mudou nossos rumos e nossas vidas. Não uso mais o termo “para sempre”, pois esse “para sempre” não existe. Palavras criadas para ilustrar um conto de fadas; o tão falado “felizes para sempre” e sabemos que não é verdadeiro, pois em um segundo tudo muda, tudo acaba.

Como todos os anos seu pai e eu nos refugiamos aqui no litoral. Onde podemos passar por essa data com menos sofrimento e podemos relembrar muitos dos bons e felizes momentos que aqui vivemos com você e com a família.

Imagino como sempre que, de onde você se encontra agora tenha nos seguido diariamente com todas as mudanças e situações de vida e saúde pelas quais temos passado.

Procuro imaginar que através do que lhe escrevo você consiga entender meus questionamentos dessa vida aqui na terra. Tenho me surpreendido com alguns medos que me invadem o pensamento de que a vida é mesmo uma calamidade vivida em prestações.

Tanta coisa acontecendo depois que você partiu que me levam todos os dias a refletir para onde a humanidade está caminhando. Quanto mais observo as pessoas e as coisas que acontecem, mais gostaria de não compreendê-las. É uma controvérsia do que se quer e como vemos as pessoas agindo.

As vezes um ímpeto de fé e esperança no futuro me retorna e digo: - Vai mulher, ergue essa cabeça e se reequilibra, ainda existem boas pessoas ao seu lado e que também necessitam de você. Segue tua jornada, carrega teu fardo que é só teu e que lá adiante irá encontrar o teu merecido descanso.

Muita coisa muda dentro da gente e não é pelo que se fala, mas é pelo que se cala. Me calei muito, pensando nas possibilidades do “re”: reaprender, refazer, reestruturar, reorganizar, remendar, restaurar, reinventar e por aí vai... que levam ao mesmo lugar do aprender, fazer, estruturar, organizar, emendar, criar, inventar. Palavras utilizadas quando temos que dar um novo sentido as nossas vidas após uma perda tão grande e de valor imensurável como foi sua partida, designando a nossa vida para uma repetição do que vivemos, mas com muitas, muitas transformações em todos os sentidos de sentimentos e valores.

A maturidade tem me aberto muitas janelas para ver e perceber a finitude de viver certas experiências, sensações e sentimentos e que foram gerando mudanças em mim com o passar dos anos. Todos os dias tenho algo novo a aprender e sentir. Vejo com mais clareza que tenho menos tempo de vida agora em vista dos anos que já vivi. As coisas pequenas e triviais do passado que antes ocupavam meu tempo e energia estão perdendo o sentido e vou aceitando o que me vem de uma maneira mais calma, pois o momento é de agregar valor ao tempo e as coisas as quais realmente me importam.

Sinto sua falta todos os dias, do amanhecer ao anoitecer, carrego você na tela do meu celular e no meu coração, onde quer que eu vá.

Sinto saudade da tua presença, do teu cheiro, do teu sorriso, das suas gargalhadas, das suas manhas, do teu abraço, do teu beijo. São tantas lembranças boas dos momentos que estivemos juntas.

Ah!!! Ana Cláudia, como queria tê-la ainda aqui comigo, minha filha...

Te sinto filha como sempre, de coração para coração estamos unidas.  A cada dia que passa estou mais perto de me reencontrar com você. Esteja bem meu anjo de luz.

Te amamos Ana Cláudia, ontem, hoje, amanhã e além