domingo, 10 de junho de 2012

VENCENDO O DESÂNIMO 


O grande carro de luxo parou diante do pequeno escritório à entrada do cemitério e o chofer, uniformizado, dirigiu-se ao vigia.
- Você pode acompanhar-me, por favor? É que minha patroa está doente e não pode andar, explicou. Quer ter a bondade de vir falar com ela?

Uma senhora de idade, cujos olhos fundos não podiam ocultar o profundo sofrimento, esperava no carro.

- Sou a Sra. Adams, disse-lhe. - nestes últimos dois anos mandei-lhe cinco dólares por semana...

- Para as flores, lembrou o vigia. 

- Justamente. Para que fossem colocadas na sepultura de meu filho.

- Vim aqui hoje, disse um tanto consternada, porque os médicos me avisaram que tenho pouco tempo de vida. Então quis vir até aqui para uma última visita e para lhe agradecer.


O funcionário teve um momento de hesitação, mas depois falou com delicadeza:

- Sabe, minha senhora, eu sempre lamentei que continuasse mandando o dinheiro para as flores...

- Como assim? Perguntou a dama. 

- É que... a senhora sabe... as flores duram tão pouco tempo... 
- E afinal, aqui, ninguém vê... 
- O senhor sabe o que está dizendo? Retrucou a senhora Adams. 
- Sei, sim senhora. Pertenço a uma associação de serviço social, cujos membros visitam os hospitais e os asilos.

- Lá, sim, é que as flores fazem muita falta... 

- Os internados podem vê-las e apreciar seu perfume.

A senhora deixou-se ficar em silêncio por alguns segundos. Depois, sem dizer uma palavra, fez um sinal ao chofer para que partissem.


Meses depois, o vigia foi surpreendido por outra visita. Duplamente surpreendido porque, desta vez, era a própria senhora que vinha guiando o carro.


- Agora eu mesma levo as flores aos doentes, explicou-lhe, com um sorriso amável. 

- O senhor tem razão. Os enfermos ficam radiantes e fazem com que eu me sinta feliz. 
- Os médicos não sabem a razão da minha cura, mas eu sei. 
- É que reencontrei motivos para viver. Não esqueci meu filho, pelo contrário, dou as flores em seu nome e isso me dá forças.

A Sra. Adams descobrira o que quase todos não ignoramos mas muitas vezes esquecemos. Auxiliando os outros, conseguira auxiliar-se a si própria.




Maktub 2465 (A palavra Maktub quer dizer "carta" em árabe, contudo foi traduzida como "está escrito" pelo escritor. É uma coletânea de histórias, palavras, crônicas e outras, publicados diariamente em jornais entre os anos de 1993 e 1994. É um livro com base em histórias e fatos de várias culturas e partes do mundo, tratando-se não de um livro de conselhos, mas de um resumo de filosofia de vida de diversos povos). Rivalcir Liberato.


2 comentários:

  1. Querida Liane...
    Sempre me emociono com as postagens, escolhidas com muito carinho,e uma enorme dedicação.
    Muitas vezes os exemplos vem de pessoas tão simples e humildes,cheios de sabedoria como esse vigia que levava as flores para alegrar aqueles que estavam passando por um momento difícil em suas vidas.
    Bjs, te amo...

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  2. Olá minha querida Liane,
    Passando para uma visitinha, desculpa-me por andar meio sumida, a correria aqui é grande para retribuir minhas visitas. Mas não esqueci de você amiga, vim te deixar meu carinho enviando sempre as melhores vibrações de paz, amor e serenidade!
    Adorei o post! E vamos semear o bem, precisamos nos aprimorar a cada dia, semeando boas sementes, a paz e o amor, colheremos flores, e, se Deus quiser, nós que sofremos esta dor vamos conseguir passar por esta vida de um modo digno e assim podermos merecer o sonhado momento do reencontro com nossas amadas filhas.
    Portanto, vamos espalhar amor e luz por onde passarmos!
    Um abraço confortante pra vc.

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